sexta-feira, 9 de novembro de 2012

A troco de nada

O fim do ano está chegando e traz com ele o caos na sua pior espécie. Quem disser que ama o natal em toda a sua simbologia de érres e cifrões ou é porque está nadando na grana ou então tem alguma ligação financeira, diga-se comercial, com o natal. Aos empresários o início do mês de novembro soa como uma micareta, enfeita-se daqui, aumenta-se os preços dali e ao fim temos uma inflação absurda em que uma blusa em dezembro custa o dobro do que realmente é. Somos fuzilados por propagandas de todos os lados. Na tv pipocam comerciais com musiquinhas natalinas que se ouvidas à exaustão são capazes de levar um ser humano à loucura. O "espírito natalino" torna-se um vírus que se espalha aos quatro ventos. Somos tão perseguidos pelo merchadising de fim de ano que até mesmo o ser mais averso a essa festividade é infectado. Aos providos de um salário decente e uma conta bancária saudável, o espírito natalino não causa nenhum estrago depois de abandonar seus corpos. Porém àqueles que não possuem anticorpos financeiros, diga-se crédito na praça, estão literalmente mortos. E no nosso país a epidemia natalina faz milhões de vítimas. Não importa se o sujeito não tem um mísero centavo ou come arroz com farinha o ano inteiro, ele terá uma roupa nova no natal, da qual você certamente o verá usando em todas as ocasiões especiais durante todo o ano seguinte. Quem mora no subúrbio sabe que o dia 24 de dezembro vira um verdadeiro desfile de moda. Uma guerra de vizinhas disputando quem tem os filhos mais bem vestidos, quem tem a mesa mais farta e quem vai fazer durar por mais tempo a comida que sobrar do natal. Sem contar com aquele parente que subiu de vida e que faz questão de comprar os melhores presentes, para pessoas que ele talvez nem considere como algo, só para encher a árvore da família com o maior número de pacotes com o seu nome. Todo mundo fica completamente louco com o vírus natalino. Até aqueles que te odeiam e armam planos para te sabotar o ano inteiro são pegos por uma amnésia que dura uma única noite e que durante a ceia revelam-se verdadeiros políticos por falarem tanta hipocrisia num curto espaço de tempo. Algo que se fosse contado poderia até entrar no Guinness Book. E então a noite segue e em seus últimos minutos todos dizem que se amam, os machões beijam e abraçam seus amigos, o tio bêbado tem uma experiência sobrenatural ao conversar com a foto do pai falecido pendurada na parede, e ao passar da meia noite do dia 25 todos já estarão curados. Tanto sentimentalismo que no final não muda nada. Se você quer retardar ser pego por essa virose para que o seu décimo terceiro dure mais no bolso, então fique atento aos sinais. Afinal, já é natal na Leader Magazine.