sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Nada melhor que um amor.


Depois de um vão blogueiro volto a postar com uma novidade super agradável. Um post otimista! Calma, caros leitores, não se assustem, eu não me conformei com o nada. E o nada na minha cabeça não agiu como oficina do diabo. Mas a verdade é que o nada como palavra pode se encaixar em um sentimento dúbio, que se não correspondido pode ser negativo e se caso contrário pode dar ao nada o poder de conquistar qualquer coisa. O preto e o branco podem ser as cores oficiais do nada. Quando você ama alguém e isso não é recíproco, você acha que nada mais na vida faz sentido, tudo se torna tão obscuro. Mas quando você olha para a pessoa que ama e vê os seus olhos refletidos nos dela, o nada pode agir como a cor branca. Porque se olhar mais de perto, todas as cores estão inseridas nela. E aí a sua vida vira um verdadeiro arco-irís. Você vira "Alice no país das maravilhas". O dia mais nublado pode ser para você um dia lindo. Aquele seu vizinho chato não te irrita mais com as músicas bregas do domingo, porquê você não esteve mais deprimido no sábado à noite. E todas as canções de amor mal escritas com os piores cantores do universo podem agir nos seus ouvidos como poesia de Vinicius ou de Drummond.Porque todas elas tem algo a dizer quando estamos apaixonados. Parece bobagem né? Mas o nada no amor correspondido pode ser como o capacete do Magneto, nada de ruim entra na sua mente e te faz pensar besteira. Você planeja o seu futuro, e nunca te fez tão bem pensar que você pode ficar velhinho, todo caído, cheio de artrose porque vai estar do lado de quem ama. Mesmo que queira morrer lindo e belo, você passa a querer que algum cientista invente logo a bentida da vida eterna para que jamais perca o seu amor. A vida se torna a coisa banal mais linda que existe. E você acha não só o sentido dela, mas sim os sentidos. Frases otimistas começam a povoar os seus discursos. Exemplos inúmeros como: "Nada pode nos separar."... e blá blá blá…E você se torna o cara mais piegas que existe. Parece que o amor mata mais neurônios que a maconha, porque você não consegue pensar em mais nada além da pessoa que te faz suspirar quando aquela música romântica toca no rádio. O nome do seu amado ou amada está em 9 das 10 frases que você diz e te faz muito bem falar nele toda hora. Você se torna uma pessoa irritante pros seus amigos que estão solteiros, é zuado quando alguém percebe a sua cara de idiota quando está perto de quem ama. Mas nada disso tem importância. E aí você pensa que o nada pode sim ser algo bom. Que tudo tem um lado positivo, mesmo que nada na vida seja para sempre. Mas pra que pensar nisso? Nada substitui a sensação de viver planejando o amanhã sabendo que alguém pode habitar todas as fotos que registraram os momentos mais felizes da sua vida.



Texto dedicado ao alguém que não precisa de mais nada para me fazer feliz!

sábado, 17 de janeiro de 2009

Nada contra você.


A frase “nada contra você” talvez possa ser o lema dos inimigos não-declarados. Aqueles seres que te fazem parecer um paranóico diante de todos. Já que inimigos só nós mesmos somos capazes de reconhecer. Você ainda não sabe reconhecer um inimigo não-declarado? Pois bem. Então vamos fazer um estudo sobre esse indivíduo. O ponto primordial e aquele que vai ditar todas as regras de uma investigação para descobrir o Judas em nossas vidas é um termo criado por mim, chamado pseudo-nada. O que é o pseudo-nada? É o tudo disfarçado de nada. Vejamos exemplos para que você entenda melhor o pseudo-nada. Lembre daquele seu colega de trabalho que faz de tudo para te prejudicar e ainda diz que te adora ou da sua sogra que fala que não tem nada contra você, mas que vive empurrando outra pretendente pro seu namorado. Como perceber o pseudo-nada? É simples. Existem duas maneiras de percebê-lo: a primeira maneira é pelo espírito de competição; a segunda maneira é pelo espírito de porco. O espírito de competição pode ser identificado desde aquele seu vizinho que disputa a decoração da casa no natal até aquela sua amiga que compra tudo o que você quer comprar antes de você só para te irritar e depois dizer que vocês possuem o mesmo gosto. O espírito de porco pode ser identificado naquelas pessoas que adoram te colocar defeito e que por mais que você tenha ficado horas se arrumando diante do espelho, que tenha feito uma dieta suada, que tenha ralado na academia e que tenha gastado rios de dinheiro com cosméticos para cuidar da pele. Toda vez que te encontram, elas sempre acham que a sua roupa não combinou muito, que você está um pouco acima do peso ou que parece que você está com algum problema de saúde. A solução para afastar de nós todos aqueles que nos odeiam e que usam o pseudo-nada para nos infernizar é pagar não na mesma moeda. Porque se eles usam o real, a gente usa o euro. Sejamos superiores e usemos sempre a mesma estratégia para mostrar a eles que não nos importamos com as suas críticas e nada que tentem fazer para nos atingir, a auto-estima. Por mais que você se sinta um lixo quando acordar pela manhã e perceber que de alguma maneira o seu inimigo não-declarado estava certo quando disse que você tem uma gordurinha sobrando, diga sempre que está satisfeito com o seu corpo. Por mais que você seja um freqüentador assíduo da sessão de auto-ajuda das livrarias, jamais diga isso a eles. Mostre que você não precisa de conselhos para resolver os seus problemas. Porque uma mentira quando é dita cem vezes, se torna verdade. Então acordemos pela manhã e passemos a dizer para nós mesmos que somos os melhores, perfeitos e auto-suficientes, no maior estilo Narciso. Sendo assim, a gente se torna indiferente a qualquer crítica feita por sogra, por colega de trabalho, por amigo falso ou por vizinho. E eu por aqueles que dizem que tenho que lutar para conseguir ser escritor, mas que vivem criticando o meu blog.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

O nada na arte


Quem nunca olhou para um quadro numa galeria de arte e ficou com cara de paisagem? E aí você se pergunta: mas porque tem tanta gente que venera esse artista se ele só fez uns rabiscos que não tem nada a ver com nada? Pois é, meu caro, o nada tem o seu valor. Ou você acha que Pollock se tornou um dos maiores pintores do século XX por quê? Para nós, seres normais com um poder de abstração limitado, é muito difícil ver o nada como algo complexo. É preciso um certo número de neurônios trabalhando duramente para que um cérebro entenda uma dança contemporânea da qual os dançarinos se jogam no chão, imitam papagaios, pulam como loucos e depois a crítica especializada diz que aquilo foi genial. Quem nunca ficou entediado lendo um poema de Rimbaud e se sentiu um ser completamente burro? Se você não possui uma sensibilidade homérica para interpretar a arte sem se questionar se aquilo faz sentido ou não, então fuja das peças de Gerald Thomas, não tente entender muitos artistas de vanguarda, e nem as reflexões de Nietzsche, porque ele por mais que tenha sido um gênio, não te faz chegar à conclusão alguma. Se o nada fosse um ser humano, ele seria um homem apático. Um daqueles seres que vivem em centros culturais vendo filmes cult nas salas de vídeo gratuitas, com seus óculos de armação quadrada, suas eternas caras assexuadas, suas calças xadrez e os seus discursos incompreensíveis. Imagine aquele seu amigo da faculdade que ninguém mais suporta por não conseguir fazer com que ele concorde com algo ou porque ele pára a aula para discutir com o professor sobre algum conceito histórico justamente porque ele acredita que nada seja real, o nada seria assim. Essas indagações nos levam a refletir que na arte tudo já foi explorado. Restando ao artista o nada como tema. Se você quer se mostrar um sujeito culto, então por mais que ache totalmente retardada alguma letra de música da Regina Spektor, não fale para ninguém sobre aquela canção dos anos 80 que te tocou e nem sobre aquele romance do Sidney Sheldon que te fez ter uma crise existencial. Porque isso está mais que ultrapassado. Para todas as representações do nada na arte tenha sempre em seu discurso a seguinte frase de todo pseudo-intelectual: “Mas isso não era para entender, era para sentir”. E não fique se achando um merda se você não entendeu o final de Amnésia. Porque eu também não entendi nada.

sábado, 3 de janeiro de 2009

Domingo- O dia internacional do nada.


Digamos que o domingo seja o dia oficial do nada, porque até Deus no sétimo dia da semana não fez nada. A folga do criador influencia na vida terrena dos homens. Os sintomas do domingo já são sentidos nos minutos anteriores de transição do sábado à noite. Uma das formas de tentar fugir do domingo é sair justamente nesse dia. Você se diverte e chega em casa pela manhã, acorda na metade da tarde e consegue fugir do programa do Didi, dos filmes de família irritantes que passam nos canais de filmes ou daquele seu tio chato que vai visitar a sua família todo domingo, só porque sabe que a sua mãe faz algum um almoço especial, justamente por ser domingo. Se um sujeito não sair no sábado à noite, ele certamente terá insônia. Irá dormir muito tarde e acordar muito cedo. E os sintomas do domingo podem ser ainda mais desastrosos. Não há sono que resista ao rádio do vizinho coroa que sempre ouve as mesmas músicas todo domingo de manhã. Não há como sair para comprar pão e não se deparar com as testemunhas de Jeová batendo na sua porta. O domingo é o dia que por mais que você tente se divertir, sempre acaba entediado. Os shoppings estão lotados de pessoas tentando fugir do tédio. Se você agüenta passear no shopping cheio de pais atrás de seus filhos trombando nas pessoas, se agüenta a fila quilométrica do cinema e atura os casais de namoradinhos se lambendo na poltrona do lado, então você é um vencedor! O centro da cidade vira um deserto repleto de mendigos e pessoas procurando algum programa cultural. Certas datas que são comemoradas no domingo podem fazer você querer se matar para não sair de casa. Quem nunca levou a mãe no restaurante no dia das mães e ficou horas esperando na fila? Que atire a primeira pedra o sujeito que não se sente entediado no domingo. O que precisa ser explicado é que tudo fica mais difícil de ser feito. Se você tem uma prova na segunda, certamente vai dormir a tarde toda ao invés de estudar. Ou então liga a tv e não consegue resistir ao espírito de porco que toma conta da sua mão e faz ela manipular o controle remoto para que ele pare justamente nos típicos programas de auditório dominicais. Daí percebe o quanto você envelheceu por colocar no Faustão e lembrar que ele já passou mais de mil vezes as mesmas vídeo-cassetadas, ou então ver que o Silvio Santos ainda está apresentando o programa “Qual é a música?” do qual você se lembra das tardes de quando era criança e via tv na casa da sua avó. Uma nostalgia que te faz ficar deprimido. Enfim, por mais que você fique parado ou pegue uma praia lotada de manhã, quando chega os últimos minutos do dia, você está exausto. Mesmo que tenha descansado, a sua mente se sobrecarregou tanto com tanta coisa que se repete no domingo que você acorda com um péssimo humor na segunda de manhã. Daí vê pessoas com cara de derrotadas se espremendo no metrô ou no ônibus. E percebe que no domingo todos nós somos iguais.